terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ciências - 5ª e 8ª séries (25/08)

Lixo na Alma

Dona Margarida ficou surpresa quando recebeu a intimação da Segurança
Sanitária da cidade de São Paulo. Ela estava sendo indiciada por crime
contra a saúde pública por guardar em casa algumas toneladas de lixo, que
segundo ela, eram apenas objetos, pertences e lembranças que ela tinha
certeza que usaria algum dia.

Especialistas trataram de correr para os programas de televisão para dar
explicações sobre a razão pela qual a doce senhora guardava toneladas de
restos de comida, jornais e revistas antigos, objetos enferrujados e
milhares de outros objetos em casa. Eles disseram que o hábito, um tanto
estranho, da Dona Margarida poderia ser causado por duas patologias :
Sindrome de Diogénes - alterações cerebrais que suprimem a crítica e o senso
de percepção de inadequação - e Transtorno Obssessivo Compulsivo, onde o
sujeito tem uma certa mania de colecionar coisas, objetos, de forma
exagerada para uma suposta utilização futura. Bem explicado e dado nome aos
bois, todos os especialistas voltaram para as suas clínicas e laboratórios,
mas se esqueceram de se olharem no espelho e se darem conta que de Dona
Margarida, todos nós temos um pouco.

Você acha que não?

Quantas objetos acumulamos em nossas casas que não terão a menor utilidade?
Jornais antigos, livros criando mofo na estante, revistas lidas, roupas e
blusas de frio que não usaremos mais.
Se é assim em casa, imagina quanta tranqueira inútil não carregamos na alma?
Quantas emoções grudentas e sentimentos ruins guardamos no peito, com a
esperança infeliz de um dia serem utilizados contra alguém. Você acha que
não? Posso te garantir que tem muita gente por ai que guarda toda uma
munição de mágoa, raiva e rancor para o contra ataque que ocorrerá no dia em
que ela reencontrar a pessoa que a magoou. Quem pode culpá-la, afinal, jogue
a primeira pedra quem nunca fez isso?

Por que será que não conseguimos nos despreender de tantas coisas e
sentimentos inúteis? Por que será que guardamos tantos entulhos em casa e na
alma?

Será que é preciso que nossa casa ou nossa alma seja invadida pelo dedo
alheio apontando o lixo que não conseguimos mais ver, mas que está
encrustado ao nosso redor?

A pergunta seguinte é: como podemos nos livrar desse lixo todo?

A Vida que é especialista em perdão, compaixão e envolução diria: Limpando,
reciclando e principalmente desapegando!

Mágoa e raiva de amigos ou familiares são munição inútil para quem já
aprendeu que "também morre quem atira".

Livros nunca lidos merecem receber a leitura de outras pessoas; podem ainda
virar alimento para as crianças famintas por conhecimento das bibliotecas
públicas.

Revistas e jornais podem ser reciclados; roupas podem ser doada; abraços
podem ser dados.
Nossa roupa velha ainda tem utilidade. Sabe aquela blusa antiga que você não
usa há anos? Ela poderia estar aquecendo alguém numa noite fria.

Sabe aquele 'eu te perdôo" mofando em algum lugar entre os desejos de
vingança? Ele poderia arrancar sorrisos e se alquimizar em paz no coração
daquelas pessoas que por imaturidade e insegurança, pisaram no seu calo
nessas caminhadas em conjunto da vida.

Faça uma lavagem na sua alma, despreenda e recicle. Doe o que já não lhe
serve mais e jogue no lixo o que é lixo. Só o que devemos guardar conosco é
o nosso coração, nada mais.

Os chineses dizem que " em casa de água parada, a prosperidade não passa".
Como está a sua casa? O que você anda carregando na alma?

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